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Polcia Cidad: Segurana Pblica 556h56

A violncia est cada vez mais presente no cotidiano da populao brasileira. Embora as causas sejam complexas e profundas, muitas vezes, a soluo encontrada pelos governos tem sido o aumento do contingente policial nas ruas. No entanto, como a atuao das corporaes policiais tem se voltado mais para a represso a vastos grupos da populao insatisfeitos com a ordem estabelecida do que para a garantia de direitos desta mesma populao, o aumento do nmero de policiais aumenta tambm a insegurana dos cidados que os enxergam fortemente vinculados violncia, aos abusos e corrupo.
Os policias, por outro lado, formados a partir da ideologia do exrcito que atua em defesa das fronteiras contra invasores externos, enxergam o cidado quase como inimigo, principalmente em regies do Pas como o Amap, onde fronteiras internacionais so fato. Investir na formao dos policiais e no esclarecimento junto populao, embora no sejam soluo para todos os problemas de violncia e insegurana, ajuda a buscar alternativas que diminuam a criminalidade e garantam os direitos humanos e civis da populao.

OBJETIVO
O Programa de Desenvolvimento Sustentvel do Amap, implantado a partir de 1995, adotou um novo modelo de Gesto Pblica, prevendo equilbrio entre aspectos econmicos, sociais, ambientais e procurando incentivar uma mobilizao intensa da sociedade para sustentar reformas sociais e econmicas profundas, sem perder de vista o respeito aos direitos humanos. Inserido neste contexto est o Programa Polcia Cidad com cursos de formao em segurana, direitos humanos e cidadania, tendo como objetivo humanizar a prtica da polcia por meio de aes formativas enfocando seu papel preventivo, a garantia dos direitos humanos e o exerccio da cidadania, ampliando os conhecimentos filosficos, antropolgicos, sociolgicos e psicolgicos dos profissionais do Sistema de Segurana Pblica. O Programa busca propiciar mudanas de comportamento e atitudes norteados por princpios ticos de cidadania, defesa e segurana para a populao.

A execuo do Programa pressupe e estimula uma ao integrada entre o CEFORH (Centro de Formao e Desenvolvimento de Recursos Humanos) e os rgos que compem o Sistema de Segurana Pblica, que integra todos os rgos responsveis pela segurana no Estado (Polcia Civil, Polcia Militar, Corpo de Bombeiros, Polcia Tcnico-Cientfica e Departamento de Trnsito) a partir de aes integradas coordenadas pela Secretaria de Estado da Justia e Segurana Pblica.

IMPLEMENTAO
A implementao de uma poltica pblica com essas caractersticas enfrenta, num primeiro momento, uma srie de resistncias por parte das corporaes envolvidas. Os obstculos que tiveram que ser superados foram desde o preconceito em relao aos defensores de direitos humanos, associando-os a defensores de bandidos e perseguidores da ao policial, at a resistncia dos escales superiores em construir uma mentalidade de segurana pblica respeitadora dos direitos humanos e da cidadania. Juntou-se a isto a inexistncia de instrutores locais capacitados.

As primeiras atividades foram implementadas em 1996, quando o Governo do Estado do Amap assinou um acordo de cooperao tcnica com a Anistia Internacional, tendo como intervenientes as Secretarias da Educao e Justia, mostrando a importncia de se estabelecer parcerias.

O processo que se deu no Amap ganhou consistncia a partir do momento em que, antes mesmo de iniciar o trabalho sistemtico do primeiro Projeto de Formao, foram realizados seminrios de sensibilizao, reunies e oficinas. Essas aes, que deram incio sensibilizao dos gestores(as), possibilitaram a existncia do Programa de Formao para o Sistema de Segurana. Para isso, uma das aes desenvolvidas foi o seminrio Educar para a Cidadania - Descentralizao, Mobilizao e Participao Popular, para cerca de mil servidores (educadores sociais; policiais militares e bombeiros; professores; diretores de escolas e orientadores pedaggicos).

O Programa ganhou fora a partir da intensificao das aes de Formao, da compreenso do papel do CEFORH pelos rgos gestores do Sistema de Segurana, e da confiana demonstrada pelos servidores que aram pelos cursos.

PROGRAMA

A operacionalizao do Programa se d a partir de mdulos formativos que com-
pem o Curso de Atualizao Permanente - Segurana Pblica, Direitos Humanos e Cidadania, com carga horria de 176 h/a e 50 participantes por turma; Encontros de Sistematizao do Conhecimento e Anlise da Prtica, a cada duas turmas formadas, com carga horria de 8 h/a e palestras intermedirias entre as formaes.

A metodologia empregada nas aes de formao possibilita a discusso das questes que esto relacionadas ao exerccio pleno da cidadania, a partir da valorizao dos saberes individuais, vivncias, trocas de experincias e construo de um conhecimento coletivo e holstico.

Temas que discutem Poder, Estado, Classes, Cultura e Etnia, Gnero e Cidadania, Direitos Humanos e o Estatuto da Criana e do Adolescente, O Auto Conhecimento na Formao Policial, entre outros, ajudam na mudana de mentalidade dos participantes e se refletem na expectativa de utilizar, em sua prtica policial, os contedos aprendidos.

O pblico-alvo so os servidores de todo o Sistema de Segurana do Estado, em aes de formao especficas, contemplando todos os nveis hierrquicos das corporaes, com turmas mistas formadas por soldados, cabos, sargentos, agentes de polcia, guardas prisionais, oficiais da Polcia Militar e Corpo de Bombeiros Militar, Delegados de Polcia e tcnicos do DETRAN e da POLITEC).
At meados de 2000, esse Programa j contemplou 2.115 servidores pblicos, do total de 4.292 do Sistema de Segurana do Estado.

Inicialmente as turmas eram compostas por servidores indicados pelos gestores dos rgos. Uma vez conquistada a confiana desses gestores, e considerando a experincia adquirida na execuo do Projeto, instituiu-se um processo seletivo, que consiste em entrevistas realizadas por tcnicas do CEFORH, possibilitando a inscrio por livre escolha, garantindo atmosferas mais propcias ao aprendizado. Pde-se observar, ento, que havia sido definitivamente superada a viso compartilhada inicialmente por alguns oficiais, de que este deveria ser um curso voltado para policiais desajustados ou detidos.

Uma das maiores conquistas do Programa est relacionada compreenso, pelos servidores e gestores, da necessidade de garantia dos direitos humanos e do exerccio da cidadania enquanto poltica pblica. Tal compreenso resultou nos seguintes projetos e aes: a) Polcia Interativa, inova no planejamento e operacionalidade da polcia, aproximando-a solidariamente e democraticamente da comunidade; b) Batalho Ambiental, fiscaliza e monitora o Estado, coibindo degradao do meio ambiente e realizando educao scio-ambiental; c) Sistema nico de Segurana Pblica-SUSP-Projeto que realiza aes integrada; d) Extino da prtica do Batalho de Choque, que reprimia manifestaes sindicais e populares reivindicatrias; e) Discusso sobre a necessidade de formao integral dos policiais numa nica academia, com titulao universitria, incorporando o eixo dos direitos humanos e a metodologia utilizada nessa experincia.

Foi identificada tambm a necessidade de manter uma rede de policiais protagonistas dos direitos humanos, por meio de encontros de Anlise da Prtica, publicao de boletins informativos, indicao para outros cursos, identificao dos formados com uso de distintivo (Polcia Cidad) e alimentao de banco de dados vel aos interessados, intermediando a comunicao entre eles.

PARCERIAS
O Governo do Amap contou com a Anistia Internacional para a discusso e definio dos contedos programticos e sensibilizao dos gestores do Sistema de Segurana. O Ministrio da Justia colaborou com 50% do oramento no ano de 1998; o Centro de Assessoramento a Programas de Educao para a Cidadania, com o e pedaggico e indicao de consultores; o Centro Projeto Ax de Defesa e Proteo Criana e ao Adolescente, com a indicao de consultoria e intercmbio de alunos para cursos de formao. Alm dessas, outras parcerias foram realizadas com sucesso: a Universidade Federal da Bahia por meio do Centro de Estudos e Terapia do Abuso de Drogas; a Universidade Federal da Amap e o Centro de Estudos Tai Chi contriburam com indicao de consultores a serem contratados.

A questo fundamental, quando se discute a replicabilidade do modelo, que haja determinao poltica dos governos de quebrar resistncias e privilgios, comprometendo-se em transformar o paradigma das aes policiais e tornar isto uma diretriz de governo. Esta vontade poltica mostra-se crucial quando se considera o rigor das discusses conceituais; a importncia de garantir a excelncia dos consultores; a qualidade do contedo programtico; os custos relativamente altos para os padres de um programa de formao policial e, sobretudo, o objetivo final, que a construo de uma conscincia cidad.

RESULTADOS
O Programa adapta-se a qualquer localidade que eleja como prioridade de sua agenda de polticas pblicas a formao de agentes de segurana como protagonistas dos Direitos Humanos. Com essa experincia, percebe-se que no possvel trabalhar a polcia sob a tica de Direitos Humanos e Cidadania sem o empenho pessoal e direto de seus gorvernantes e sem o envolvimento com a comunidade qual se destina a Ao Policial. Neste Programa essa relao fica mais explcita no Projeto da Polcia Interativa, que uma construo coletiva, polcia-comunidade.

Por meio de metodologias participativas discute-se com a comunidade e a Polcia Interativa, onde lideranas, instituies locais, religiosas e laicas, associao de moradores, grupos de mulheres elegem representantes para compor o CISEG - Conselho Interativo de Segurana. Organizao No Governamental que coordena as aes da Polcia Interativa no bairro onde so definidas as prioridades. O Governo do Estado descentraliza os recursos financeiros reando-os ao Conselho para manuteno da experincia.

Diante desse contexto, esse Programa assume um papel fundamental na medida em que integra, na sua operacionalizao, as aes policiais e a sociedade civil organizada. O policial visto como amigo e colaborador, gozando da confiana da populao, estar sempre mais bem informado e mais protegido. Este profissional a a ser preparado para gerenciar crises e mediar conflitos em vez de reprimir pela violncia.

Com as inovaes institudas e a nova ao policial, a ao integrada do Sistema de Segurana Unificado tem revertido quadros de alta criminalidade e violncia, atuando com mais eficincia na proteo ao cidado, na preservao do meio ambiente e na defesa do patrimnio. Em trs meses de Polcia Interativa, houve reduo de 45,3% de ocorrncias criminais em bairros perifricos. Alm do combate criminalidade, outros dois indicadores legitimam a continuidade do Programa: elevao da auto-estima do policial e contribuio na preservao da natureza.

Cssio L. de Frana, com colaborao de Rita Andra, Joselita Macedo

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