Declarao de Independncia
do Ciberespao 2v174a
283sq
por John
Perry Barlow 225667
Governos do Mundo Industrial,
vocs gigantes aborrecidos de carne e ao, eu venho do espao
ciberntico, o novo lar da Mente. Em nome do futuro, eu peo a
vocs do ado que nos deixem em paz. Vocs no so
benvindos entre ns. Vocs no tm a independncia que nos
une.
Os governos derivam seu justo
poder a partir do consenso dos governados. Vocs no
solicitaram ou receberam os nossos. No convidamos vocs.
Vocs no vm do espao ciberntico, o novo lar da Mente.
No temos governos eleitos, nem
mesmo provvel que tenhamos um, ento eu me dirijo a vocs
sem autoridade maior do que aquela com a qual a liberdade por si
s sempre se manifesta.
Eu declaro o espao social
global aquele que estamos construindo para ser naturalmente
independente das tiranias que vocs tentam nos impor. Vocs
no tm direito moral de nos impor regras, nem ao menos de
possuir mtodos de coao a que tenhamos real razo para
temer.
Vocs no nos conhecem, muito
menos conhecem nosso mundo. O espao ciberntico no se
limita a suas fronteiras. No pensem que vocs podem
construi-lo, como se fosse um projeto de construo pblica.
Vocs no podem. Isso um ato da natureza e cresce por si
prprio por meio de nossas aes coletivas.
Vocs no se engajaram em nossa
grande e aglomerada conversa, e tambm no criaram a riqueza
de nossa reunio de mercados. Vocs no conhecem nossa
cultura, nossos cdigos ticos ou falados que j proveram
nossa sociedade com mais ordem do que se fosse obtido por meio
de qualquer das suas imposies.
Vocs alegam que existem
problemas entre ns que somente vocs podem solucionar. Vocs
usam essa alegao como uma desculpa para invadir nossos
distritos. Muitos desses problemas no existem. Onde existirem
conflitos reais, onde existirem erros, iremos identific-los e
resolv-los por nossos prprios meios.
Estamos formando nosso prprio
Contrato Social. Essa maneira de governar surgir de acordo com
as condies do nosso mundo, no do seu. Nosso mundo
diferente.
O espao ciberntico consiste
em idias, transaes e relacionamentos prprios, tabelados
como uma onda parada na rede das nossas comunicaes.
Nosso um mundo que est ao
mesmo tempo em todos os lugares e em nenhum lugar, mas no
onde pessoas vivem.
Estamos criando um mundo que
todos podero entrar sem privilgios ou preconceitos de acordo
com a raa, poder econmico, fora militar ou lugar de
nascimento.
Estamos criando um mundo onde
qualquer um em qualquer lugar poder expressar suas opinies,
no importando quo singular, sem temer que seja coagido ao
silncio ou conformidade.
Seus conceitos legais sobre
propriedade, expresso, identidade, movimento e contexto no
se aplicam a ns. Eles so baseados na matria. No h
nenhuma matria aqui.
Nossas identidades no possuem
corpos, ento, diferente de vocs, no podemos obter ordem
por meio da coero fsica. Acreditamos que a partir da
tica, compreensivelmente interesse prprio de nossa
comunidade, nossa maneira de governar surgir. Nossas
identidades podero ser distribudas atravs de muitas de
suas jurisdies.
A nica lei que todas as nossas
culturas constitudas iriam reconhecer o Cdigo Dourado.
Esperamos que sejamos capazes de construir nossas prprias
solues sobre este fundamento. Mas no podemos aceitar
solues que vocs esto tentando nos impor.
Nos Estados Unidos vocs esto
criando uma lei, o Ato de Reforma das Telecomunicaes, que
repudia sua prpria Constituio e insulta os sonhos de
Jefferson, Washington, Mill, Madison, deTocqueville and
Brandeis. Esses sonhos precisam nascer agora de novo dentro de
ns.
Vocs esto apavorados com suas
prprias crianas, j que elas nasceram num mundo onde vocs
sero sempre imigrantes. Porque tm medo delas, vocs
incumbem suas burocracias com responsabilidades paternais, j
que so covardes demais para se confrontarem consigo mesmos.
Em nosso mundo, todos os
sentimentos e expresses de humanidade, desde os mais
humilhantes at os mais angelicais, so parte de um todo
descosturado; a conversa global de bits. No podemos separar o
ar que sufoca daquele no qual as asas batem.
Na China, Alemanha, Frana,
Rssia, Singapura, Itlia e Estados Unidos, vocs esto
tentando repelir o vrus da liberdade, erguendo postos de
guarda nas fronteiras do espao ciberntico. Isso pode manter
afastado o contgio por um curto espao de tempo, mas no
ir funcionar num mundo que brevemente ser coberto pela
mdia baseada em bits.
Sua indstria da informao
cada vez mais obsoleta poderia perpetuar por meio de
proposies de leis na Amrica e em qualquer outro lugar que
clamam por nosso prprio discurso pelo mundo. Essas leis iriam
declarar idias para serem um outro tipo de produto industrial,
no mais nobre do que um porco de ferro. Em nosso mundo,
qualquer coisa que a mente humana crie, pode ser reproduzida e
distribuda infinitamente sem nenhum custo. O meio de
transporte global do pensamento no mais exige suas fbricas
para se consumar.
Essas medidas cada vez mais
coloniais e hostis os colocam na mesma posio daqueles
antigos amantes da liberdade e auto- determinao que tiveram
de rejeitar a autoridade dos poderes distantes e desinformados.
Precisamos nos declarar
virtualmente imunes de sua soberania, mesmo se continuarmos a
consentir suas regras sobre ns. Nos espalharemos pelo mundo
para que ningum consiga aprisionar nossos pensamentos.
Criaremos a civilizao da
Mente no espao ciberntico. Ela poder ser mais humana e
justa do que o mundo que vocs governantes fizeram antes.
Davos, Sua 8 de fevereiro de
1996
John Perry Barlow um
fazendeiro de rebanho aposentado, um lrico do Grateful Dead e
co-fundador da Eletronic Frontier Foundation Fundao da
Fronteira Eletrnica.
[email protected]
(084) 3211-5428(Fax)
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